20 de nov. de 2010

Paraísos (totalmente) artificiais

Muitos sabem, outros não: fui figurante de um filme brasileiro (Paraísos Artificiais, dirigido por Marcos Prado), junto com o namo lindo e alguns amigos.
Mais pela experiência (nããão, nunca pela mísera grana de R$ 70,00 :O), fomos empolgados "à fama".
Gravamos cenas de uma rave na praia do Paiva. Ér, a gente e 1500 pessoas (é, MIL E QUINHENTAS PESSOAS). O cenário tava lindo, buuut...

O(s) detalhe(s) é(são) o(s) seguinte(s): chegamos às 9h30. Deixamos nossas bolsas e afins num guarda volumes e nos transfirimos pra um lugar cheio de mesas, onde descobrimos que iríamos almoçar. Ei, eram 10h30. Beleza, que eu almoço cedo (12h), mas eu não tava afim de almoçar, pô. Enfrentamos a fila (âir) e pegamos a comidjinha. Era arroz duro, purê salgado e carne dura. O que eu comi? Duas carnes, e um pouquinho do purê.Em seguida nos transfiriram pra o set, o local de filmagem. Ficamos quarando no sol até 13h30, que foi a hora que resolveram colocar as 1500 figurinhas (nunca vi tanta gente diferente/estranha/feia/bonita/drogada/fedorenta) pra dançar. Entre "Bora pessoaaal, dançaaando!", "Vai música, vai câmera, A-ÇÃO!", "CORTA! Não olha pra câââmera, pessoal", "Valheeeeu, foi bom, mas pode melhorar. Vamos repetir!!!", "Valheeeeu, foi perfeito, mas vamos repetir" (x10), dançávamos sem parar à base de água.
Às 17h, o corpo, que já avisava algo errado, começou a chamar palavrão. Meu estômago, por exemplo, gritou 3 "tome no cu" e 7 "puta que pariu". Sentamos e não ouvimos mais monitor nenhum.
Às 18h30, descobrimos que iríamos comer lá perto do set mesmo, ou seja, não iríamos pra perto de nossas bolsas (lo-tadas de comida) nem tão cedo. Às 19h as pessoas não escutavam mais nenhum comando, foram se dirigindo ao local do jantar, até pq já tinha se passado quase 10 horas sem comer (absurdo!).
EU nunca me vi tão desesperada na vida. Saí correndo (assim como todo mundo. Imaginam? Nem queiram) com toda minha força. Passando por um monte de buracos, ferrando os joelhos, cortando os pés. Não pensava em nada, só em chegar próximo a fila da comida. Acho que só sabe o quão punk foi, quem estava lá. A fila ficou e-norme. Tipo do início da praça de Casa Forte até a igreja (depois procuro saber essa distância). E não era uma fila indiana, eram de 3 em 3, 4 em 4.
Eu me senti uma mendiga na fila de um sopão, velho.
Finalmente, comemos. Dançamos mais, e mais, e mais, e mais... Até que o corpo não aguentava mais: sentamos.
Pra resumir: deixamos o set às 0h30. Pegamos nossas bolsas, comemos e nos dirigimos de volta à Recife às 2h. Cheguei em casa às 3h... PO-DRAÇA.
Caralho, que vida de cão essa de figuração. Não existe, pôôôô... :~
Por isso que eu NUNCA mais zombo de nenhum figurante. São uns guerreiros, uns lindos e "profissionais" de primeira. (RÁ, como eu fui. ;])
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Bafa: O filme tem Nathália Dill (a autista) como protagonista. Numa das cenas ela dá mó beijão na loirinha (a outra atriz lá desconhecida, que eu não sei o nome). --> (Update: Lívia Bueno, o nome da loira)


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Update:


1ª foto: A rave à noite, com 1/12 das pessoas presentes.
2ª foto: Nathália Dill (mutxolôka) e um pouquinho da atriz loira (Update: Lívia Bueno).

Pra saber mais do filme, a Globo NE fez uma reportagem nesse dia: É só clicar!

2 comentários:

Unknown disse...

tou atrás de informações sobre o filme há algum tempo. um MÁXIMO a tua crônica sobre um dia como figurante! não pude evitar dar algumas boas risadas. parabéns pelo texto e por ter sobrevivido à experiência!
beijos, wiki

Rebecca disse...

punk é quem vive essa rotina por 1 mes ou mais... pessoal pensa que fazer filme é facil e divertido taí tua prova ;D no final é gratificante demais x)